Há gente que vive da gente
Seres com muito pouco ser
Incapazes de traçar uma linha coerente
Julgam-se detentores do poder.
Convincentes da verdade que mentem
Olhar reduzido ao próprio umbigo
Veem nos outros algo que não sentem
Exibem-se como sendo o próprio inimigo.
Espantam os fantasmas lavando o rosto
Afogam na água que escorre pela identidade
Ressaltam os contornos vincados de desgosto
Hibernados na concha que esconde a personalidade.
Acorrentados ao delírio momentâneo do prazer
Saboreiam a cobardia de olhos vendados
Tal é o estilhaçar do espelho pelo falso parecer
Reduzidos ao espaço onde vivem camuflados.